sábado, 10 de março de 2007

Formas de suicídio:
Arrancava uma lasca de madeira
Da árvore a que te confessas
E rasgava o peito com os teus segredos
Ou dilacerava-me nos mesmos tormentos auto-induzidos
Podia sofrer as mesmas dores que te infligem
E morrer nas mesmas angústias
Ou nos mesmos enganos
E se queimasse as asas como tas feriram a ti
Ou buscasse vingança naquilo de que te vingas
Ou me injectasse com a mesma podridão
Seria justo.
Seria justo
Que esperasse como tu a ressurreição
Que desejasse ser redimida
Que tombasse de joelhos nos mesmos degraus em que tropeças
Que me confinasse ao mesmo quarto enfermo
Que me quedasse amarrada à mesma cadeira a que te atam
E seria até justo
E porque te sou
Suicídio ainda assim
Se fosses tu a fazê-lo!
Formas de suicídio:
Amor é um vocábulo tão forte
É justo que sejas só tu, perfeito, a dizê-lo…



Se as palavras parecem doer-me, não é porque tenha nascido em mim algum mal, ou porque te veja de outra forma que não a que sempre vi… é o meu desabafo que é assim. Não criaste nada, nem aquilo que sinto. Não há censuras, já não há metas, não há fins.
É em mim que tudo se passa, e tudo se passa só em mim, inconsequente, sem te trespassar, atravessando-te apenas, indelével, transparente, talvez até irreconhecível. Que desejos comportará um olhar carinhoso, que sentenças são as que a ternura dita?

Nenhum comentário: